Home > Notícias
03/01/2023

Momento de reconstruir pontes, afirma terapeuta Vinicius Michalski

Passada a mais acirrada disputa eleitoral do Brasil, o momento agora é de pacificação. O acirramento da disputa fez com que muitos relacionamentos fossem desfeitos ou ficassem abalados, sejam eles familiares, afetivos ou profissionais. Porém, uma vez superado o pleito, este é o momento de reconstruir pontes. O terapeuta Vinicius Michalski, pós-graduado em Psicologia pela Faculdade Metropolitana de São Paulo e formado em Administração de Empresas pela PUC/RS , fala sobre a importância de se superar as diferenças e refazer conexões para se ter relacionamentos civilizados, com espaço para o diferente e o contraditório, características fundamentais para uma sociedade madura e plural. Treinador comportamental e criador da Reprogramação Mental Generativa, Michalski ensina técnicas práticas para superar esses complexos conflitos interpessoais.

As últimas eleições geraram traumas em famílias, grupos de amigos e colegas de trabalho, muito em função do tom belicoso da campanha. É importante reparar estas relações? Por quê?

Votei na primeira eleição presidencial de 1989 e, em todos esses anos, nunca havia visto tanta polarização política como foi nesta última eleição. Polarização extrema, como acontece no futebol. Só que, neste caso, uma torcida não fica tentando convencer a outra a mudar de time.

À medida que um rebate a argumentação do outro, a tendência é de aumentar a carga emocional da conversa e, quanto mais emocionais estamos, menos racionais ficamos. Quanto mais irritada a pessoa fica, mais intolerante ficará e aumentará mais ainda a irritação. Por isso, as disputas políticas acabaram até com casamentos.

Existem algumas questões importantes por trás dessas brigas, pois, muitas vezes, a política é motivo de discussão, mas já havia alguma rixa anterior. Com os casais, a política pode ser o motivo para encerrar uma relação que já não era satisfatória.

Porém, muitos bons amigos e parentes terminaram relacionamentos de longa data por causa da polarização. Nesse caso, vale muito a pena repensar se compensa jogar fora toda a afinidade e momentos bons que passaram juntos por disputa política.

É comprovado cientificamente que pessoas com algum círculo de amizade têm melhor qualidade de vida, adoecem menos e têm maior longevidade.

Dentro das empresas, esse quadro piora, pois normalmente não trabalhamos juntos por afinidade, mas por outras questões. E ainda tem o agravante de convivemos mais com colegas de trabalho do que com a família. E o nível de estresse alto, baixa a produtividade.

Alguns preferem viver somente em uma bolha, com pessoas que concordam em tudo, sem o contraditório e o diferente. Isso é saudável para o mundo dos negócios e para as relações pessoais?

Ouvi falar de empresários que demitiram funcionários com posição política contrária às suas. Pessoas que pensam igual, tendem a achar soluções parecidas. Quanto mais heterogênea for a equipe, maior será a sua produtividade, e, em uma equipe dessas, certamente existirão pessoas de posições políticas divergentes.

A maior vantagem é que pessoas com visões diferentes trarão soluções diferentes para uma mesma questão. Além disso, uma equipe heterogênea bem administrada sempre terá pequenas doses de estresse, o que melhora o desempenho.

Observar outros pontos de vista enriquece a forma de ver o mundo e torna as decisões mais assertivas, em vários campos da vida.

Como reconstruir estas pontes? Existe alguma técnica específica?

Existem algumas técnicas interessantes e simples de se aplicar. A primeira é exercitar a escuta ativa. O ditado “nós temos dois ouvidos e uma boca para ouvir mais e falar menos” é da Grécia antiga! Ou seja, já falavam em escutar mais naquela época.

Para uma boa escuta ativa, é necessário prestar atenção na outra pessoa, sem pensar no que se vai falar ou rebater. Ouvir atentamente, procurando entender a lógica do outro.

É importante ressaltar que aceitar a opinião da outra pessoa não significa concordar com ela. Isso é mais sobre respeitar do que estar de acordo.

Detalhe a teoria de como chegar a um relacionamento civilizado com alguém da qual discordamos quase 100%?

Se eu discordo 100% de uma pessoa, eu preciso encontrar algo que eu concorde ou goste, mesmo que pareça ridículo, como “ela tem os olhos parecidos com os da minha irmã” ou “tem o jeito de falar do meu querido tio”.

Fazendo esse exercício, eu estou dizendo para o sistema mais primitivo do meu cérebro que essa pessoa não é uma ameaça e a tendência é eu baixar a guarda. Normalmente, quando um faz isso, o outro também acaba cedendo. O próximo passo é encontrar assuntos em comum. É possível que existam mais semelhanças do que diferenças.

Em termos gerais, o quão importante é o equilíbrio emocional, tanto na vida pessoal, quanto na rotina profissional?

O equilíbrio emocional é tudo! Noventa porcento das demissões não ocorrem por questões técnicas, mas sim, emocionais.
Grande parte dos processos trabalhistas não são gerados por questões financeiras, mas por algum tipo de mágoa.

Uma pessoa equilibrada fica irritada, triste, feliz etc., pois equilíbrio é ir e voltar, e mais: essa ida não pode ser extrema, se eu ficar muito feliz por muito tempo, é possível que eu faça alguma besteira, como gastar mais do que ganho, por exemplo.

Além disso, quanto mais emocionais ficamos, menos racionais estamos, o que prejudica a assertividade, os relacionamentos, o desempenho e, consequentemente, a produtividade.

Como as empresas podem lidar melhor com os conflitos?

As empresas precisam qualificar gerentes, gestores e pessoas-chave para saberem acolher tanto posições políticas divergentes, como todo o tipo de diversidade e, também, saberem como diminuir conflitos. Atualmente, trabalho como Terapeuta, aplicando a Reprogramação Mental Generativa e também faço treinamentos comportamentais, consultoria e mentoria em empresas para capacitação.

Do que se trata a Reprogramação Mental Generativa?

A Reprogramação Mental Generativa é uma forma exclusiva de reprogramar a mente para conseguir superar dificuldads emocionais, baixar o nível de estresse, melhorar a memória, aumentar a criatividade e substituir maus hábitos por outros bons. Trabalhamos medos, inseguranças, irritação, traumas e as mais diversas dores emocionais de forma rápida e precisa.

* Conteúdo publicado originalmente na edição 136 da Revista O Empresário, da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos | ACI - NH/CB/EV/DI